Volta a olhar o tempo com inocência, como uma tarefa que as crianças conhecem melhor que tu.

 

Aprende a procurar a sabedoria como quem constrói uma ponte quando seria mais fácil a distância.

 

Aprende a elogiar a vida, que é sempre a oportunidade mais bela, em vez de a desvalorizar com desencorajamentos e lamúrias.

 

Aprende a transformar, no teu cotidiano, a hostilidade em hospitalidade fraterna.

 

Não de detenhas a condenar a obscuridade: acende no centro da vida uma estrela que dança.

 

Compreende que a tua é condição de guardião e não de dono, e que isto te requer, a cada instante, a disponibilidade a um amor sem cálculos nem desgastes.

 

Exercita a arte de permanecer com humildade ao lado dos teus semelhantes, cuidando deles com dedicação, mas sem protagonismos, sem forçar os outros a nada, mas esperando por eles com delicadeza, servindo-lhes de corrimão.

 

Confia na verdade dos gestos essenciais, na força destas coisas de nada que depois são quase tudo.

 

Que o mundo nunca te apareça como um lugar indiferente.

 

Que a concreta presença do amor de Deus te ilumine e faça de ti a maravilhosa transparência em que este amor se contempla.

 

Que a tua oração de Advento seja o irresistível desejo que faz gritar à alma: «Vem!».

 

 Card. José Tolentino Mendonça